SÃO HORAS DE REGRESSAR







Tomámos os nossos lugares à mesa, e logo o empregado trouxe as entradas e o vinho.

Ambos tínhamos muita fome e por isso começamos a comer com sofreguidão.

Entre o primeiro e o segundo prato a demora foi longa e por mim aproveitada para contigo brincar.

O vinho era tinto, bom, mas forte.

Era um vinho de bom gosto, quente e picante.

Um vinho aconselhado para aquele encontro de um homem e sua amante.

Fomos dançar.

Segurei o teu queixo com a mão e voltei-o para mim, olhei-te fundo nos olhos e sem to pedir… beijei-te demoradamente na boca.

A música continuava a embalar os nossos corpos em desejo perdidos e os teus doces lábios a embalar todos os meus despertos sentidos.

Voltamos para a mesa, e eu levava nos lábios e no rosto, marcas do teu doce bâton vermelho.

Como fazem todas as mulheres tu também molhas-te de saliva a ponta do teu lenço e pouco a pouco foste limpando a minha cara imóvel.

O empregado chegou trazendo o segundo prato.

Em seguida serviram-nos fruta e doces.

No fundo da sala o homem do piano continuava a tocar músicas de embalar.

Já eu a teu lado começava a sentir-me embriagado, deliciosamente embriagado pelo vinho, e pela tua beleza facial e corporal.

Cada vez mais excitado arrastei-te de novo para a pista de dança e comecei a cobrir-te de beijos o pescoço, o peito e as faces.

Tu apenas observavas com fria curiosidade a furiosa paixão que ali eu demonstrava por ti.

Entretanto a música parou e o jantar acabou.

Estava na hora de eu te fazer mulher num qualquer quarto de hotel.

Mas tu continuavas indecisa, lembra-me de te ter dito;

Amor vá lá, submete-te ao teu destino, e o teu destino, sou eu.

Foi então!

Que a tua recusa me fez sentir uma dor lúcida e aguda, e transformou por completo aquele momento de luz num momento obscuro, doloroso e tortuoso.

Nunca imaginei que aquela era a tua primeira vez.

O meu corpo estava inerte e pesado como chumbo, e percebi que nunca te poderia possuir assim, com total abstinência e nenhuma colaboração.

Vais ter de esperar.
Vais ter de muita coisa me provar.

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